O melhor dicionário de tupi antigo

Peikobé! Olá a todos. Se você ama estudar idiomas, já sabe da necessidade de um bom dicionário para dar continuidade aos estudos. No mercado, há inúmeros dicionários de inglês, espanhol, latim… mas ao falar de vocabulários de línguas indígenas, sempre há uma certa desconfiança quase que intuitiva, não é mesmo?

Existem dicionários de tupi antigo que têm por título “tupi-guarani”, o que já é um erro grotesco, tendo em vista que demonstra a confusão entre a família linguística tupi-guarani e a língua tupi antigo. Ainda mais, alguns dicionários levantam o debate de qual é a grafia mais adequada ou usual do tupi antigo, além da autenticidade dos vocábulos coletados. Diante o cenário, recomendamos o Dicionário de Tupi Antigo: A Língua Clássica do Brasil de autoria do Prof. Eduardo de Almeida Navarro.

Esse dicionário nos apresenta sessões de português-tupi (permite que você pesquise palavras em português e encontre suas correspondências em tupi antigo), tupi-português (oferece a possibilidade de buscar diretamente as palavras em tupi antigo e verificar suas traduções para o português), além de ter uma sessão de “tupi na toponímia” (onde você encontrará diversas explicações dos nomes de lugares de origem tupi, como Paraíba (rio ruim) e Itaberaba (pedra brilhante).

Quanto a grafia do tupi antigo, o Navarro traz uma nova forma de escrever o tupi antigo ainda mais envolvente e contemporânea, incluindo todas as letras do alfabeto latino. Tal grafia, aliás, já é utilizada em comunidades online de estudos como o Clube Poliglota Brasil, que tem o seu grupo de tupi antigo nas redes sociais, como também é utilizada na USP através da cadeira de tupi antigo e em comunidades indígenas que estão revitalizando e/ou fortalecendo o seu idioma materno a partir do tupi antigo, como é o caso dos Potiguara e Tupiniquim, que outrora sofreram processos de glotocídio.

Além do mais, a obra apresenta inúmeras referências ao Vocabulário na Língua Brasílica, um documento precioso no que diz respeito à documentação da língua tupi antigo, publicado em 1938 por Plínio Ayrosa e reeditado pelo professor Carlos Drummond em 1952. Navarro também não deixa de referenciar cronistas que tiveram contato com povos tupis, gramáticos e indígenas que escreveram em seu próprio idioma, como fez o potiguara Felipe Camarão que escreveu cartas ao seu parente Pedro Poti.

O Dicionário de Tupi Antigo: A Língua Clássica do Brasil pode ser encontrado em algumas livrarias online como Amazon e Estante Virtual, mas o melhor de tudo é que ele já tem uma versão digital graças ao Kian Sheik, poliglota, programador e amante do tupi antigo que firmou uma parceria com o próprio professor Navarro com o intuito de democratizar ainda mais o acesso ao tupi antigo. Tal versão pode ser acessada através do link: https://kiansheik.io/nhe-enga/.

Referências:

Dicionário de tupi antigo: A lingua indigena cássica do Brasil. 1ª edição. Global Editora. São Paulo, 2013.

(VLB) VOCABULÁRIO NA LÍNGUA BRASÍLICA. (2ª edição revista e confrontada com o Ms. fg. 3144 da Biblioteca Nacional de Lisboa por Carlos Drumond). Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, Boletim n. 137, Etnografia e Tupi-Guarani, n. 23. São Paulo, Universidade de São Paulo, 1952.

Vocabulário na Língua Brasílica – Biblioteca Digital Curt Nimuendajú. Disponível em: <http://www.etnolinguistica.org/index:vlb>.

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