Lenda do Haja Pau Morava no interior uma família de agricultores. Em um dia ensolarado, a dona da casa, como sempre, preparou o almoço para o seu marido. Quando terminou de preparar a refeição, pediu para que seu filho levasse a comida para o pai, que estava trabalhando na roça.
Morava no interior uma família de agricultores. Em um dia ensolarado, a dona da casa, como sempre, preparou o almoço para o seu marido. Quando terminou de preparar a refeição, pediu para que seu filho levasse a comida para o pai, que estava trabalhando na roça.
O menino, que era acostumado a aprontar e não obedecer à mãe, no caminho, comeu toda a refeição, deixando apenas os ossos. E assim entregou para o pai.
— Mas aqui só há miséria de ossos!
— Pois é, pai! Ela nem percebeu que aí só tinham ossos porque deu toda a atenção para um homem que chegou lá em casa…
— Como é que é? Quando ela chegar em casa, vai ver!
E o garoto, rindo à toa, voltou para casa e subiu em uma árvore que ficava próxima de sua casa. O homem, zangado, chegou do trabalho. Já era tarde. Diante da sua mulher, gritou:
— SÓ OSSOS! E AINDA ME TRAINDO, NÃO TEM VERGONHA NA CARA?
— Não estou entendendo! Eu mandei o almoço certo! E não te traí! Que história é essa?
— Ainda vai mentir de novo!?
O homem bateu na mulher com o cabo da enxada. Todo o mundo, para ela, parecia desmoronar-se em sua cabeça. O marido que ela amava se tornou a mais terrível ira. E o rapaz, que na árvore ouvia todo o seu desespero, gritava:
— HAJA PAU, HAJA PAU, HAJA PAU.
O brado do garoto chegou aos ouvidos da mãe, e esta sussurrou:
— Tenho fé que irá ficar repetindo isso para sempre.
Após a morte da mãe, o jovem realmente foi amaldiçoado como ela desejara: ele se transformou em um pássaro negro, metade homem e metade ave, que anda pelo mundo cantando sua repetida frase: “Haja pau, haja pau.”
– Danilo Soares
Prof. de Tupi | Amante de línguas indígenas | Compartilho conhecimentos sobre a riqueza das línguas nativas e suas influências.
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