A escolha do nome em Tupi Potiguara

Entendemos que os nomes geralmente representam aspectos da nossa identidade. Há quem preze pelo seu nome, fazendo questão de anunciá-lo de forma enfática a outras pessoas ou em eventos em geral. Por outro lado, há quem não goste do próprio nome e prefira ser chamado por um nome social que representa melhor sua identidade de gênero ou identidade social. Há também aqueles que preferem utilizar um nome artístico (pseudônimo) ou até mesmo um apelido informal.

Tal como ocorria no passado, podemos dar nomes a tudo aquilo que observamos. Antigamente, um nome poderia surgir a partir de uma alcunha depreciativa. Era também comum que um guerreiro recebesse um novo nome após vencer algumas batalhas. Hoje podemos receber um novo nome após atravessar um período difícil da vida, doenças, formaturas, casamentos, divórcios, conquistas, derrotas ou em outros momentos importantes. 

Alguns exemplos de nomes Potiguara são: Guarapirá, Guyraguasu, Irembé, Itapuã, Jaguarõ, Jacy, Jaciara, Jybatã, Kauã, Porã, Ka’aguasu, Tataguasu,  Ybyratã, entre outros.

Compreendemos, porém, que nomes próprios podem sofrer variações em relação a nomes comuns, não necessitando seguir exatamente todas as regras de derivação de substantivos. Essas variações podem ocorrer por questão de escolha pessoal, simplificação da pronúncia, influência de outros idiomas como o português, o Nheengatu, o Guarani, etc.

Entre os Potiguara, observamos os seguintes exemplos: Akanguasu (no lugar de Akangusu – cabeça grande); Ubiratã (no lugar de Ybyráatã – madeira-dura); Poran (no lugar de Porang-a, bonito ou bonita); Tuxaua (no lugar de Tubixaba, cacique ou liderança); Ka’yra (no lugar de ka’a ra’yra – filho da floresta); Sergipe (no lugar de Seri jýpe – no rio dos siris)

Para a escolha de um nome, podem ser levadas em consideração as características físicas e psicológicas ou a ocupação da pessoa a ser nomeada. Portanto, quem batiza geralmente conhece bem a pessoa a ser nomeada, a exemplo de amigos, familiares, pajés, professores, anciãos, caciques, etc. Caso haja dificuldade na escolha do nome, a própria pessoa poderá sugerir o próprio nome, o mais importante é que ela se sinta representada pela forma que é chamada.

Além da importância de se ter um nome indígena, é importante fazer com que este seja respeitado.

Romildo Araújo; Danilo Soares

Guyraakanha Potiguara – Araújo da Silva, J. R. Tupi Potiguara Kuapa — Conhecendo a língua Tupi Potiguara. João Pessoa: Governo da Paraíba, 2013.

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